Medo do serviço militar move sul-coreanos contra o Brasil

Vencer o Brasil e classificar-se para a final olímpica já poderia ser motivação mais do que suficiente para qualquer seleção. Porém, os sul-coreanos têm ainda outro fator a impulsioná-los no jogo da próxima terça-feira, no Old Trafford, em Manchester.  Caso obtenham  um lugar na decisão os 18 jogadores que estão no grupo do técnicoMyung Bo Hong ficarão livres do serviço militar obrigatório. A legislação do país asiático estabelece que atletas medalhistas olímpicos ou vencedores dos Jogos Asiáticos (competição continental poliesportiva que acontece também a quatro anos) não precisam alistar-se nas forças armadas locais.

Muitos dos jogadores que fazem parte do grupo atual da Coreia viram a primeira oportunidade de escapar do alistamento nos Jogos Asiátios de 2010, em Guangzhou e Guangdong, na China. Na ocasião, a equipe foi eliminada nas semifinais pelos Emirados Árabes. O técnico Hong comentou, em entrevista coletiva neste domingo, que os jogadores não se sentem pressionados pelo fato.

- Os jogadores sabem lidar com isso, não preciso conversar a respeito com ele - declarou o treinador, visivelmente constrangido por precisar tocar no assunto.

Na Coreia, o serviço militar obrigatório dura dois anos e o alistamente deve ser feito entre 19 e 30 anos de idade. A tensão na fronteira com a outra Coreia, a do Norte, faz com que as forças armadas sejam tratadas com ainda mais importãncia no país. Os países estão separados oficialmente desde 1948, quando, na chamada Guerra Fria, o norte ficou sob a influência comunista da antiga União Soviética, e o sul sob o chapéu capitalista dos Estados Unidos.

Na entrevista, concedida no palco do jogo, o comandante da equipe asiática confessou que ainda não conseguiu assistir a nenhum jogo do Brasil no torneio e fez os elogios comuns ao futebol sul-américano, por seu toque de bola e qualidade individual. As delegações brasileira e coreana estão hospedadas no mesmo hotel em Manchester, assim como as duas semifinalistas do futebol feminino que estão na cidade, Canadá e Estados Unidos. 

Brasil e Coreia se enfrentam na próxima terça para definir quem estará na final de sábado, no mítico estádio de Wembley, em Londres. O outro finalista sairá do confronto entre Japão e México, que acontece no mesmo dia na capital inglesa.