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Sem eliminatórias, Brasil despenca no ranking. Entenda critérios da Fifa


Da terceira colocação após a Copa do Mundo de 2010 ao 14ª posto, em outubro de 2012. Mesmo com vitórias nos últimos amistosos, o Brasil de Mano Menezes seguiu em queda livre no ranking da Fifa e atingiu a sua pior posição desde que a classificação foi criada pela entidade, em agosto de 1993. Mas a perda tem uma explicação e não é privilégio apenas do time canarinho. Basta uma seleção de grande porte ficar fora da disputa das eliminatórias para o “fenômeno” entrar em ação.
Mano Menezes no treino da seleção brasileira (Foto: Mowa Press)A Alemanha viveu situação parecida quando foi sede do Mundial de 2006. Logo após o vice da Copa do Mundo de 2002 (justamente em derrota para a seleção brasileira), o país caiu da quarta colocação em agosto daquele ano ao 13º posto em outubro de 2004. O grupo comandado por Jürgen Klinsmann seguiu ladeira abaixo até atingir a 22ª colocação três meses antes do torneio em casa.
A queda livre se dá por conta dos critérios utilizados na computação dos resultados das seleções no ranking da Fifa. Estar fora das eliminatórias significa não participar de confrontos com peso 2,5 na fórmula criada pela entidade. Por conta disso, na maioria das vezes, o time canarinho, por exemplo, só tem encarado partidas com coeficiente 1 (um). Para piorar, as confederações também têm avaliações distintas. Ao encarar um europeu ou um sul-americano, os pontos são multiplicados por um. Em duelo com um time da Oceania, apenas 0,85.
- Estamos ganhando e caindo – disse Mano Menezes, com bom humor, em entrevista ao TVENGOMADEIRA.
FÓRMULA DA FIFA PARA CÁLCULO DOS PONTOS DO RANKING
FÓRMULAP = R x I x S x C
LEGENDASP = pontuação no ranking
R = pontos pelo resultado do jogo
I = importância da partida (eliminatórias, amistoso...)
S = força da seleção adversária
C = força da confederação continental
CRITÉRIOS FIFAR = vitórias (3 pontos); empate (1 ponto) e derrota (zero)
I = Copa do Mundo (4 pontos); Copa das Confederações ou principal torneio de cada confederação (3 pontos); eliminatórias para Copa do Mundo ou para principal torneio de cada confederação (2,5 pontos); e amistosos (1 ponto);
S = o valor 200 é atribuído a todas as seleções. O líder do ranking vale 200. Para achar o coeficiente (S) de outras equipes, o valor é subtraído da colocação do time naquele momento. Equipes abaixo da 150ª posição valem sempre 50 pontos;
C = cada confederação tem um coeficiente: Uefa e Conmebol (1 ponto); Concacaf (0,88 ponto); AFC e CAF (0,86 ponto); e OFC (0,85 ponto)
EXEMPLO DO BRASILContra a China, em amistoso, o Brasil venceu por 8 a 0 e ganhou: 314,76 pontos no ranking
R = vitória (3 pts)
I = 1 (amistoso)
S = 122 (200 - 78, já que a China estava em 78º no ranking passado)
C = 0,86
EXEMPLO DA ARGENTINAContra o Peru, pelas eliminatórias, a Argentina empatou por 1 a 1 e ganhou: 372,5 pontos no ranking
R = empate (1 pt)
I = 2,5 (eliminatórias)
S = 149 (200 - 51 - posição do Peru no ranking passado)
C = 1
Mano usou um exemplo do ranking para criticar o peso dos amistosos. Em junho, o time canarinho estava à frente da Dinamarca na classificação da Fifa. O time brasileiro era o quinto, e os rivais ocupavam a nona colocação. Porém, mesmo com a vitória da Seleção por 3 a 1, em Hamburgo, os europeus surgiram uma colocação acima da equipe brasileira na classificação divulgada no mês seguinte (décimo contra 11º).
- Uma situação que nós vivemos que exemplifica bem foi o jogo contra a Dinamarca. Tenho certeza que, naquela época, estávamos à frente da Dinamarca no ranking. Vencemos o jogo e, no ranking seguinte, estávamos atrás deles. Eles disputaram a Eurocopa, ganharam alguns jogos e ficaram em melhor colocação.
O treinador fez um pedido à Fifa. Na opinião do técnico da seleção brasileira, a entidade máxima do futebol poderia criar um novo critério para não prejudicar tanto os países-sede das próximas edições da Copa do Mundo.
- A Fifa deveria pensar numa valorização diferente para o país-sede. Se você não vai jogar as eliminatórias, que os amistosos tenham um peso diferente, uma análise diferente. Caso contrário se cria uma situação fictícia. A situação da Alemanha antes da Copa de 2006 só confirma o que está acontecendo com o Brasil agora – analisou o comandante da Seleção.
No último mês, o Brasil encarou a África do Sul e a China, que pertencem ao continente africano (coeficiente 0,88) e asiático (0,86), respectivamente. Mas além dos coeficientes e dos pesos das competições ou amistosos, a Fifa também engloba na fórmula a importância da seleção adversária. Tal valor é medido da seguinte maneira: a posição da equipe subtraída de 200. Uma seleção que ocupa 10ª colocação na classificação vale 190, por exemplo.
- Não sei se a Seleção estivesse disputando as eliminatórias estaria em uma posição melhor. A não ser que estivesse atropelando os adversários. Mas pelo que vimos na Copa América, contra times da América do Sul, não foi isso que aconteceu. Teríamos uma variação. O time poderia estar em décimo, mas não acredito que estaria entre os cinco, seis, primeiros. Pelo efeito metodológico do ranking, a tendência é cair ainda mais – disse o diretor da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira, especialista em estatísticas do futebol.
A África do Sul também teve variação em sua posição no ranking antes da Copa do Mundo de 2010, quando sediou o evento. Mas por conta do nivelamento com os adversários ou confronto contra grandes seleções, a oscilação foi menor do que a vivida por Brasil e Alemanha. As vésperas da competição, os “Bafana Bafana” amargaram a 90ª colocação. Naquele momento, o técnico já era Carlos Alberto Parreira, contratado para a vaga de Joel Santana, demitido pela federação local em 2009.
Brasil x China - Neymar (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)
Apesar de todas as variações do ranking, as críticas ao trabalho de Mano Menezes são ferozes. O deputado federal Romário comentou a posição do time canarinho e classificou a atual situação do Brasil como “vergonhosa”.
- Essa posição da Seleção hoje no ranking da Fifa chega a ser para nós brasileiros e para mim, que falo não só como torcedor, pois já vesti essa camisa várias vezes, uma vergonha – disse o parlamentar em sua página oficial.
Nos dias 11 e 16 deste mês, a seleção brasileira vai encarar o Iraque, em Malmo, na Suécia, e o Japão, em Breslávia, na Polônia, para buscar uma posição melhor no ranking. No dia 7 de novembro, a entidade vai divulgar a classificação atualizada. É esperar para ver se o panorama vai melhorar ou se o poço do time canarinho vai ficar ainda mais fundo.

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