O choque de povo não aconteceu apenas no Presidente Vargas, na segunda-feira. Ele também foi aplicado nesta quarta-feira na Arena Castelão. Diante do México, o segundo adversário da Copa das Confederação, a torcida não era a mesma daquele dia. Quem esteve no estádio podia desembolsas os preços pedidos pela Copa das Confederações, entre R$ 240 e R$ 120. Mas, como paixão não tem classe social, ela aplaudiu e cantou, de forma emocionante, o hino – como havia pedido o técnico Luiz Felipe Scolari. E apoiou desde o início o time nacional.
A seleção sentiu o baque positivo. Entrou ligada. Mesmo quem não havia feito boa partida contra o Japão, na estreia, deu mais de si. Daniel Alves, por exemplo, saiu do isolamento e colou em Oscar e Hulk, da mesma forma que Marcelo já fazia do lado esquerdo. De seus pés saiu o cruzamento afastado por Rodrígues, que tinha como direção Fred mas acabou nos pés de Neymar. Um chute de sem-pulo sem chance de defesa para o goleiro Corona, vestido com um uniforme na cor rosa entorpecente, um alvo fácil de mirar e uma homenagem (involuntária?) ao antigo guarda-metas mexicano Jorge Campos.
Até acreditei na conversa de David Luiz, quando disse que não havia visto grupo tão unido, quando nove dos 11 atletas titulares se abraçaram rente à bandeirinha de escanteio. Só não se juntaram Thiago Silva, resignado ao centro do gramado, e Júlio César, guarnecendo a meta.
Foi um jogo divertido, daqueles que você não se arrepende de ter gasto o valor do ingresso. Primeiro porque teve um futebol convincente da seleção– ao menos até a metade da primeira etapa, quando diminuiu o ritmo e começou a apostar nos contra-ataques, e depois na retomada no segundo tempo. Depois porque o México vendia caro o resultado, mesmo sem transformar esse predomínio em perigo para o gol brasileiro.
E ainda havia a torcida mexicana – em menor número, mas acredito que mais animada que a brasileira. Eles não paravam. O alvo principal era o goleiro Júlio César. A cada tiro-meta, eles esperavam o chute para gritar “puto”. Me senti na Javari. Uma hora, ensaiaram “Cielito Lindo”, aquela do “tá chegando a hora”. Tá chegando a hora do quê, meu Deus do céu?
Outras impressões: Luiz Gustavo voltou mais para marcar, cobrindo mais as subidas de Marcelo. Fred se aproximou mais do meio e também criou jogadas – embora no segundo tempo fosse praticamente nulo nas investidas. Foi assim que ele fez um lançamento certeiro para Neymar, que chapelou Mier e bateu rente à trave. Neymar estava mais solto, circulando mais pela parte central do campo e menos pela faixa esquerda, como na estreia.
Paulinho continuou aproveitando mais o segundo tempo e o placar favorável para subir mais ao ataque. Foi assim que tabelou com Hulk, que desperdiçou o segundo gol chutando para fora. Depois, foi avançando, avançando, avançando até encontrar Neymar na área. A zaga segue um ninho de monstros: Thiago Silva não dá brechas e David Luiz, mesmo com seus rompantes peladeiros, quando sai desembestado do campo de defesa com a bola, faz milagres – como quando impediu um gol de Javier Hernandes no segundo tempo.
Oscar, mesmo apagado, foi aplaudido quando substituído por Hernanes. A torcida cearense realmente parecia de bem com a seleção. Vibrou com Hulk e até com uma bola perdida na lateral por David Luiz. Para agradá-la, Felipão chamou Lucas aos 30min do segundo tempo. E Neymar coroou, em incrível jogada pela esquerda em que deixou Mier, seu principal alvo na partida, na saudade e cruzou para Jô, o reserva-artilheiro, marcou o segundo da seleção.A vitória valeu a classificação antecipada. Contra a Itália, no sábado, em Salvador, o Brasil joga pelo direito de disputar a semifinal em Fortaleza – se for segundo, o jogo é em Belo Horizonte. Pelo que encontrou no Castelão nesta quarta-feira, não vai querer perder essa chance.
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