Iraque deve quatro meses para Zico, que desabafa: 'Falta de consideração'

Se já não bastasse a difícil tarefa de tentar levar o Iraque para a Copa do Mundo de 2014, o técnico Zico convive, desde o ano passado, com os constantes atrasos de salários. O brasileiro, que precisou da ajuda de seu advogado para receber um mês em setembro, ainda espera por outros quatro que seguem em aberto.

No Rio de Janeiro para tratar de assuntos pessoais, ele se mostrou completamente chateado com a situação, principalmente por ter ajudado o país a se aproximar da Fifa e buscar uma solução para acabar com a proibição de se fazer jogos em casa.

- Meu advogado chegou de lá no sábado, pagaram um, mas ainda faltam quatro. Estou esperando acertar isso. É muito chato. Não temos que ficar falando dessas coisas, mas poderia estar com mais disponibilidade para estar lá. Você briga com sua família, que fica preocupada com as notícias de Bagdá. Não queria entrar em briga. Dispensei uma série de propostas boas porque sei que o Iraque tem condições de disputar uma vaga. O povo lá me adora. Não entendem como isso pode acontecer. O Iraque está com problemas na Fifa, não pode jogar em casa, teve problemas com os três treinadores anteriores, eu tive lá, ajudei os caras, com o Blatter (Joseph Blatter, presidente da Fifa), Platini (Michel Platini, presidente da Uefa). É uma falta de consideração muito grande comigo e com o Edu, que ajudou o Iraque a ir a uma Copa pela primeira vez. Desde outubro, estamos com atrasados – lembrou Zico, que tem 21 jogos pelo Iraque, com 11 vitórias, seis empates e quatro derrotas.

Além dos atrasos salariais, Zico ainda tem problemas com a marcação dos amistosos para a seleção. Segundo ele, ninguém quer jogar contra o Iraque e, por isso, acaba dificultando a preparação da equipe que está disputando as eliminatórias.

- A gente não tem apoio nenhum. Em agosto (data Fifa) não tivemos jogo. Todo mundo jogando, os que estão disputando (as eliminatórias). Agora, fomos jogar contra um time da Coreia. Isso tudo atrapalha a motivar o pessoal para a disputa de uma eliminatória. Meu time está precisando jogar. Mudei praticamente o time todo diante do Japão.

Com dois pontos, o Iraque está na quarta posição do Grupo B das eliminatórias e tem um confronto decisivo na próxima rodada, dia 16 de outubro, diante da Austrália, que tem a mesma pontuação. Uma derrota da Jordânia para Omã pode dar a segunda colocação aos iraquianos.

- Esses dois jogos são fundamentais. Podemos virar o ano em segundo e depois só jogar em junho. Ainda está aberto. A Austrália perdeu para a Jordânia, que tem um jogo contra Omã fora. Se a Austrália perder ficará em uma situação muito difícil. É um time como o nosso, com muitos jogadores com idade superior a 30 anos.

Amistoso contra o Brasil não era o desejado

Quanto ao amistoso diante do Brasil, no próximo dia 11 de outubro, Zico revelou que essa não era exatamente a equipe que buscava. Mesmo assim, disse que sempre se tira algo de proveitoso quando se enfrenta uma grande seleção.

- Muita gente não quer jogar contra o Iraque. Para nós não era o momento adequado. Tinha pedido um adversário que tivesse um pouco das características da Austrália. O pessoal da Escócia, Irlanda, Pais de Gales, por exemplo. Mas jogar contra o Brasil, Argentina, Alemanha é sempre bom. Você sempre tira proveito – comentou ele, que apoia o trabalho de Mano Menezes na seleção brasileira.

- O Mano sofre o que ninguém sofreu até agora. Essa foi a única Seleção que não manteve uma base da última Copa do Mundo. Ele teve que fazer isso. Se tivesse condições de receber um Kaká, Ronaldinho, Lúcio, mas ele não teve nada. A Seleção tem uma defesa formada. As pessoas precisam parar de avaliar os resultados e falar mais dos treinos. O momento é difícil, mas não concordo com essa pressão. Por isso, não pretendo ser técnico da seleção brasileira.